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Histórias de Amor e Paixão (Luís XV e Madame du Barry)

“Do bordel, ela deu um salto definitivo em sua vida e chegou ao palácio de Versalhes.”

08/01/2024 às 08h20
Por: Ryan Lucas Fonte: OBSERVADOR
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Madame du Barry Crédito: Uol – Aventuras na História
Madame du Barry Crédito: Uol – Aventuras na História

Histórias de traição marcaram a vida Jeanne Bécu. Filha da costureira Anne Bécu, ela nunca soube quem era seu pai verdadeiro, já que foi fruto de um relacionamento adúltero.

 A menina era dona de grossos cachos loiros e de olhos azuis. A sua beleza era tanta que ela passou a ser vítima de ciúmes e inveja.

Aos três anos de idade, Jeanne e sua mãe Anne foram morar na casa de Monsieur Billiard-Dumonceaux (provável amante secreto de Anne) que ainda pagava pela educação da menina no Convento de Saint-Aure. Quando a menina completou 15 anos, a sua beleza era tão impressionante que a esposa de Billiard, enciumada, pôs mãe e filha na rua. 

Com isso, ambas tiveram de procurar um meio para sobreviver. Foi aí que surgiu para Jeanne a primeira oportunidade. A sua beleza e delicadeza despertaram a atenção de Jean-Baptiste du Barry, um cafetão da classe alta de Paris. Em tão pouco tempo, Jeanne passou do convento ao prostíbulo de luxo, onde recebeu o nome de Mademoiselle Lange e ali aprendeu a arte de seduzir homens e não demorou muito para conquistar a aristocracia. 

Do bordel, ela deu um salto definitivo em sua vida e chegou ao palácio de Versalhes. 

O rei Luís XV tinha como amante a majestosa, discreta e glamorosa Madame de Pompadour, que morreu em 1764, deixando-o totalmente desolado. 

Estava aberto o caminho para o proxeneta Jean-Baptiste du Barry que tinha o remédio para curar a ferida no coração do monarca. Para isso apresentou-lhe Jeanne, e o rei sentiu uma atração irresistível pela graciosa garota, que passou a fazer visitas frequentes aos aposentos dele. O monarca em pouco tempo descobriu a verdadeira identidade de Jeanne, e para encobrir a situação dela, ele exigiu que ela se casasse com algum membro da elite. Isso não foi difícil, e ela assinou o “sagrado matrimônio” com Guillaume du Barry, irmão de seu cafetão, e adotou o nome de Madame du Barry.
A jovem e a sua maneira de agir não passaram despercebidas à perspicácia da escritora Stéphanie Ducrest de St-Aubim, que fez a seguinte descrição:

Estava magnificamente vestida e com refinado bom gosto. De dia o rosto se mostrava murcho e as sardas escureciam um pouco a tez, mas de noite ficava radiante. Embora seus traços não fossem extremamente belos, tinha cabelos de um louro encantador, bonitos dentes e uma fisionomia muito agradável. No entanto, sua beleza era eclipsada pela atitude petulante e insuportável.

A rainha consorte Maria Antonieta, educada na rígida corte austríaca, sentiu instintivamente repulsa por aquela mulher. Não estava enganada. Madame du Barry soube cativar o rei e tirar proveito de tudo quanto estava à sua disposição – vestidos extravagantes, joias finas, festas no palácio de Versalhes.

Em 1774, o monarca adoeceu e faleceu. No mesmo dia das exéquias, Madame du Barry foi conduzida por um destacamento da guarda real a uma abadia nos arredores de Paris e proibida de voltar ao palácio de Versalhes.
Em 1789 eclodiu a Revolução Francesa. Aproveitando-se disso, desconhecidos invadiram a casa em que ela morava e roubaram-lhe todas as joias. Para agravar a sua situação, em 1793 ela foi acusada formalmente de favorecer os contrarrevolucionários, uma traição ao novo governo. Instaurou-se um simulacro de processo. Toda a defesa foi inútil. “Vae victis!” (Ai dos vencidos!) – é o que ocorre em toda revolução.

Nesse mesmo ano, a guilhotina desceu, e ela perdeu a cabeça – literalmente.

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Na série “Histórias de Amor e Paixão” nenhuma das amantes teve um final feliz, mas todas as histórias causaram sofrimentos atrozes às rainhas consortes, obrigadas a suportar tudo em silêncio; nem a vingança cicatrizou a ferida aberta pela traição.

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Uma leitora, em seus comentários sobre os artigos anteriores, fez uma observação sobre o relacionamento de D. Pedro I e Domitila de Castro, a marquesa de Santos. Em todas as histórias que mencionei, havia ao menos cumplicidade entre os amantes. Não foi o caso do primeiro imperador do Brasil, que não teve a dignidade do seu filho (D. Pedro II); não era amante, mas ginecomaníaco.

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